29.3.16

Eu não esqueci, e nem quero esquecer! Fórum Judiciário de Teresina: entrevista e discussão sobre a intervenção de um anexo e descaracterização da obra.

Essa entrevista foi concedida por mim à jornalista Marta Alencar, da Revista Cidade Verde, em março de 2016.
Transcrevo na íntegra, afim de esclarecer alguns pontos desa intervenção equivocada que necessita, de medidas urgentes de alteração projetual, a fim de não descaracterizar o edifício- considerado um das dez mais significativas obras da década de 70 no Brasil.
                                             Alcilia Afonso.Março de 2016
                           Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
1 - Quando o prédio foi construído? 
O prédio do Fórum Judiciário de Teresina foi construído na década de 70, na administração do Governador Alberto Tavares Silva, havendo sido inaugurado no dia 13 de março de 1975. Foi projetado pelo arquiteto carioca Acácio Gil Borsoi, que trabalhou em Recife, havendo exercido ali, uma profícua produção acadêmica e como profissional liberal, havendo projetado obras importantes em várias cidades brasileiras,  principalmente nordestinas.

Em depoimento dado , Borsoi  disse que :
 “O projeto que mais me emociona, ainda, é o Fórum de Teresina, no Piauí, ele foi todo desenhado a mão, cada peça, cada detalhe, feito uma montagem, como sistema de ventilação e iluminação natural. É sem duvida, um belo exemplo de arquitetura bioclimática.”
                               Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
2.E qual a relevância da obra para a arquitetura?

Além de ser um bom exemplar da arquitetura bioclimática, o edifício vem a ser uma das mais importante obra brutalista de Teresina, devido às suas soluções projetuais e construtivas.
Foi concebido como " um marco inscrito no tecido geográfico, paisagístico e cultural da região", segundo colocou o arquiteto e professor da UFPE, e filho do arquiteto Acácio Borsoi- Marco Antonio Borsoi , que complementa:  " Nele, os artifícios arquitetônicos do rigor geométrico da composição, traçados reguladores, proporção, ritmo, escala e sentido monumental reagem,dialeticamente, coma natureza livre e informal a sua volta."

3. É possível ressaltar as características peculiares do prédio?
                              Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
Arquitetura e estrutura foram  projetados dialogando constantemente , tanto que a planta livre e modulada foi gerada partindo de uma estrutura independente em concreto aparente, que permite uma flexibilidade no layout dos espaços internos.
A estrutura sistemática, modulada, que adotou o uso do concreto aparente em pilares e vigas, é um dos traços marcantes desta edificação, que explorou o uso de materiais como o tijolo, a pedra, a madeira, em seus estados naturais, caracterizando a adoção do estilo brutalista em seu partido arquitetônico.
  Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013

                                   Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
A obra se caracteriza por uma transparência espacial, na qual os espaços externos e internos interagem entre si, através dos grandes vãos vazados, que além de permitirem a integração espacial, possibilitam a ventilação constante do ar, tornando o edifício, um exemplar de arquitetura bioclimática na cidade, que é possuidora de altas temperaturas. Sobre a solução escreveu Marco Antonio Borsoi:
Seu grande pórtico vazado, que funciona como um alpendre, um lugar de encontro, de circulação e de acesso aos ambientes protegidos  de sol e da chuva; suas longas lâminas verticais, dão transparência, variação de sombra, relevo e informalidade canalizando o vento. Sua fina coberta plana, coroamento solto no ar, fazem deste edifício sem porta nem entrada, uma imensa árvore construída pelo homem." 

  Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013

                                Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
3. Qual a relevância do trabalho do arquiteto Acácio Gil Borsoi para o Piauí?
Quanto à relevância da obra de Borsoi desenvolvida em Teresina, observa-se a estreita relação entre arquitetura e engenharia, sendo esta, um verdadeiro laboratório experimental de sistema e tecnologia construtivas do concreto armado, em sua forma aparente. Utilizando este material em sua execução, tirando partido volumétrico das formas estruturais. A plasticidade dessa produção se caracterizou pelo uso do concreto, em pilares, pórticos, em grandes lajes,  que marcam o cenário do local na qual a mesma está inserida.
                            Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
A solução bioclimática para este edifício,  é um outro ponto fundamental na arquitetura produzida por Borsoi no Piauí. O Estado que possui altas temperaturas e uma alta taxa de insolação, requer soluções bioclimáticas para a sua produção arquitetônica, e observou-se que  este edifícios apresenta ricas soluções climáticas, resultando em  um bom conforto térmico.
É inquestionável o valor arquitetônico dessa produção, e medidas preservacionistas devem ser tomadas urgentemente, a fim de proteger este acervo brutalista estadual, que a qualquer momento, pode estar sujeito à descaracterizações ou mesmo, demolições.
                                Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013
4 - Quando a senhor soube da pretensão do Tribunal de Justiça Federal em construir um anexo ao prédio?

Soube da notícia através de amigos arquitetos, que comentaram comigo o fato, e através da imprensa que noticiou o fato, deixando-me preocupada com a proposta que seria desenvolvida para o anexo.
Acrescentar áreas é possível sim, desde que, a intervenção respeite ao máximo o prédio existente e se relacione com o mesmo,de forma silenciosa e respeitosa, não o agredindo volumetricamente, e dialogando com os elementos construtivos e paisagísticos da obra e de seu entorno.
                              Fotografia: Alcília Afonso. The. 2013

5- Como foi possível e que órgãos permitiram a aprovação da construção desse anexo?

O projeto desse anexo deveria ter sido contratado para ser desenvolvido por especialista na área de intervenção patrimonial, ou mesmo, que tivesse havido uma consultoria técnica para dar um assessoramento aos arquitetos que o desenvolveram, a fim de esclarecer o valor da obra e de que forma tal anexo, fosse concebido.

Quanto à permissão por órgãos públicos, eu não posso afirmar nada sobre o trâmite, pois o que eu sei é através de notícias de terceiros- que dizem que o processo foi meio forçado para ser aprovado, sem passar por pareceres de instituições de preservação, como o IPHAN, FUNDAC e Departamento de Patrimônio cultural municipal.

6- Quais as providências que foram tomadas, depois de denúncias por parte da família Borsoi, CAU e outros especialistas sobre a descaracterização que a estrutura do prédio teria com a construção desse anexo?

Várias providências estão sendo tomadas por pesquisadores, arquitetos que se preocupam com a preservação da nossa memória arquitetônica, bem como, e especialmente pelos órgãos competentes, como o CAU e a própria família do arquiteto, tratando de frear essa nova obra, que infelizmente, necessita se ser novamente planejada e projetada a fim de evitar a perda desse patrimônio.
Cada ator esta fazendo a sua parte e tomando as suas possíveis e cabíveis medidas.

7 - O tombamento do prédio por parte do IPHAN seria uma alternativa mais que viável para embargar essa obra? A senhora tem conhecimento de como está o andamento desse processo de tombamento? E a relevância dele?

Nem sempre é necessário tombar para se preservar, mas pelo que vemos no dia a dia, com a falta de sensibilidade e de  conhecimento do valor dos edifícios que compõem as paisagens de nossas cidades, somos obrigados a usar desse mecanismo para poder proteger os nossos bens culturais.

Devido ao valor da obra, acredito que caberia ao Iphan proteger a mesma e pelo que sei, o processo de solicitação de tombamento já se encontra no Iphan, em Brasília.

8. A senhora teve a oportunidade de ver o projeto do anexo por parte dos engenheiros envolvidos na obra?

Não, nunca vi o projeto em sua concepção. O que eu soube foi da intenção em se fazer, e alguns 3ds que me mostraram rapidamente, expondo algumas propostas que não tinha, nenhuma relação com o edifício.

Nessa mesma época, imediatamente, como arquiteta, professora e pesquisadora da modernidade arquitetônica, solicitei à Fundac o tombamento do edifício a fim de protegê-lo de descaracterizações, mas infelizmente, os trâmites em órgãos públicos brasileiros são lentos e somente agilizados quando há interesse mútuo entre os distintos poderes.


13.12.15

Membro do ICOMOS Brasil

Feliz pelo reconhecimento de meu trabalho em prol do patrimônio cultural.

Após mais de trinta anos, dedicando-me à preservação do patrimônio cultural de forma direta e indireta, fui convidada para ser Membro do ICOMOS BRASIL- Conselho Internacional de Monumentos e Sítios.

O ICOMOS trabalha para a conservação e proteção dos monumentos e sítios do patrimônio cultural, sendo a única organização não governamental global deste gênero, dedicada à promoção da aplicação da teoria, metodologia e técnicas científicas para a conservação do patrimônio arquitetônico e arqueológico.

 Na foto abaixo, com o presidente do ICOMOS BR, Leonardo Castriotta da UFMG.



27.10.15

Lançamento do livro "Da matriz vejo a cidade : a igreja de Santo Antônio em Campo Maior "



Este trabalho é resultante da orientação de uma dissertação de Mestrado em História do Brasil, da UFPI, da qual tive o prazer e a honra de ser orientadora da historiada e hoje, Mestra, Natália Oliveira.




Dedicada, interessada, estudiosa e curiosa, Natália trilhou ao longo de dois anos de convivência e parceria, um caminho rico e profícuo, que resultou na publicação de sua pesquisa, e para tal , contou com o apoio indispensável da Diocese de Campo Maior.

Não podia deixar de convidar para trabalhar conosco na diagramação que está perfeita, nosso querido e competente Rômulo Marques, que se dedicou de corpo e alma, para juntos, fazermos mais um trabalho que se dedica a olhar, analisar e resgatar, a arquitetura religiosa produzida na histórica cidade piauiense de Campo Maior.

Todos os colegas arquitetos, professores, historiadores, e amantes da história, arquitetura e cidade, estão convidados para o lançamento da obra que será no dia 10 de novembro, às 19h30min no Salão Paroquial da Paróquia de Santo Antônio em Campo Maior,Piauí.

O Lançamento:

Todos os colegas arquitetos, professores, historiadores, e amantes da história, arquitetura e cidade, estão convidados para o lançamento da obra que será no dia 10 de novembro, às 19h30min no Salão Paroquial da Paróquia de Santo Antônio em Campo Maior,Piauí.


Autores:
Natália Oliveira
Alcilia Afonso

Diagramação: Rômulo Marques
Apoio: Diocese de Campo Maior

26.10.15

Práticas projetuais em Arquitetura. Um olhar Multidisciplinar.

Convite para o lançamento do livro.





















PRÁTICAS PROJETUAIS EM ARQUITETURA. UM OLHAR MULTIDISCIPLINAR.

Alcilia Afonso/ kaki (org) e Victor Veríssimo (org).
Local:Auditório do Centro de Tecnologia. CT. UFPI
Dia: 11 de novembro de 2015.
Horário: 19h

ORGANIZAÇÃO DO LIVRO.

Alcilia Afonso de Albuquerque e Melo(Kaki Afonso)
Possui doutorado em Projetos Arquitetônicos pela ETSAB/ UPC na Espanha (2006), convalidado no Brasil pela UFRGS, mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco / UFPE (2000), sendo especialista em Arte e Cultura Barroca pela UFOP/ MG (1986), em Conservação Urbana pelo CECI/MDU/ UFPE (1998), e graduada em Arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco/ UFPE (1983). Obteve o DEA/ Diploma de Investigadora Europea em 2004, pela ETSAB/ UPC. Possui dez livros publicados na área de Arquitetura e Cidade/ memória produzida no nordeste brasileiro,especificamente, tratando das cidades de Teresina e Recife.

Victor Veríssimo Guimarães.
Possui graduação pela Universidade Federal do Piauí (2014). Pós Graduado no Curso de Especialização em Práticas Projetuais em Arquitetura e Engenharia UFPI. Arquiteto e Urbanista da Prefeitura Municipal de Teresina PMT/ SEMDUH/GPE. Tem experiência na área de Projeto e Patrimônio. Fez parte do grupo de Pesquisa Amigos do Patrimônio e é membro pesquisador dos grupos Form Modernidade Arquitetônica CNPq/ UFPI e Arquitetura e Lugar CNPq/ UFCG. É coautor do livro Guia da Arquitetura Moderna em Teresina, lançado em 2015.



APRESENTAÇÃO DA OBRA












A proposta dessa obra é divulgar o resultado dos melhores trabalhos teóricos realizados  para a conclusão da segunda turma do Curso de Especialização em Práticas Projetuais em Arquitetura e Engenharia, realizado pelo Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Piauí, através do Departamento de Construção Civil e Arquitetura, concluído em agosto de 2015.

Importante frisar que, este curso possui módulos atrelados à teoria da arquitetura e do urbanismo contemporâneos, além de suportes disciplinares que embasam a prática projetual, tais como matérias vinculadas à engenharia (geotecnia, estrutura, materiais), à engenharia cartográfica (geoprocessamento), e à própria arquitetura e à realidade local piauiense, voltando-se também para aprofundamentos sobre clima e conforto.

Por relacionar questões que dialogam a arquitetura com a cidade, foram realizados trabalhos de pesquisas importantes, que se voltou para um resgate da memória arquitetônica e cultural de Teresina e de Floriano, trazendo à tona, reflexões sobre a preservação e o estado de conservação da produção de arquitetos que contribuíram com a construção da imagem dessas cidades, tais como Antonio Luiz, Miguel Caddah, Raimundo Dias, e o autoditada Otacílio Fortes.

A obra está dividida em partes, sendo a primeira parte voltada para “Intervenções espaciais na cidade contemporânea. Patrimônio arquitetônico e cidade”. Nesta parte, nove artigos compõem o panorama que observou a relação entre a produção arquitetônica de épocas distintas- que formam parte do acervo arquitetônico das cidades- com as políticas de preservação cultural em nível federal, estadual e municipal. Questões sobre arquitetura moderna, patrimônio industrial, a relação arte arquitetura, ícones urbanos, paisagem patrimonial, foram tratadas nesta parte da obra, trazendo ao público, informações ricas que podem e devem ser mais bem aprofundadas.

A segunda parte da obra volta-se para questões de “sustentabilidade e arquitetura”, e os resultados de pesquisas realizadas sobre análises bioclimáticas foram apresentados, trazendo estudos de casos específicos, exemplificando de maneira prática, como o trabalho do arquiteto especialista pode contribuir para a melhoria climática, através de um olhar técnico e crítico, embasado em conhecimentos que relacionam as distintas variantes.

A terceira parte volta-se para “Mobilidade urbana”. Na cidade contemporânea, um dos mais sérios problemas diz respeito à mobilidade urbana, e pensar alternativas para parte das soluções é pertinente e necessário. Dessa forma, dois artigos formam parte do conjunto que esteve voltado para esta questão: um volta-se para apresentar uma proposta para o transporte fluvial, e o outro, para analisar a evolução do perímetro urbano de Teresina.

A “patologia das construções” é o tema da quarta parte do livro.  A questão despertou o interesse dos alunos do curso, e ao estudarem o acervo edificado de Teresina, observou-se que o patrimônio moderno, apesar de recente, passa por problemas de conservação e manutenção, necessitando de intervenções profissionais especializadas que não descaracterizem o bem, mas preservem a tectônica do mesmo. A obra do Centro Administrativo do Governo do Estado do Piauí, localizado em Teresina, serviu de estudo de caso para aplicarem-se os conhecimentos adquiridos sobre a patologia das construções.
Como pode ser observada na composição dos trabalhos aqui divulgados, a contribuição de um curso de especialização voltado para as práticas projetuais do arquiteto é fundamental para a formação de uma massa crítica direcionada a olhar a cidade e a sua arquitetura.

A relação ensino, pesquisa e extensão são básicas, e foi tal direcionamento que se procurou construir ao longo do curso. Leituras direcionadas para embasamento teórico sobre os temas, coletas de dados em fontes primárias e secundárias, seleção de materiais coletados, análises, críticas e discussões, foram procedimentos metodológicos adotados por estes estudos.

Finalmente, deve-se aqui agradecer, aos docentes orientadores dos trabalhos, que com suas experiências acadêmicas e profissionais, forneceram os caminhos a serem seguidos pelos alunos, que através de suas habilidades e escolhas, optaram por se aprofundarem mais em temáticas que podem continuar estudando em outros níveis de formação profissional.

Dessa forma, essa obra é fruto desse somatório de esforços, de professores, de alunos, e de colaboradores, como o ex aluno desse mesmo curso, Victor Veríssimo, que contribuiu com o projeto gráfico dessa obra, parceiro de trabalhos diversos, e de mais este livro.

Friso que, como coordenadora do curso e organizadora dessa obra, sinto-me orgulhosa e realizada, em poder apresentar ao público em geral, os frutos iniciais de nossa proposta em capacitar arquitetos para serem especialistas em práticas projetuais e poderem contribuir com a melhoria de vida de nossas cidades e dos cidadãos. Esse é um dos papeis fundamental da academia.

Prof. Dra. Alcilia Afonso de Albuquerque e Melo
Coordenadora do curso de especialização em Práticas Projetuais em Arquitetura e Engenharia. DCCA.CT.UFPI


INDICE

Apresentação

Parte 1. Intervenções espaciais na cidade contemporânea. Patrimônio arquitetônico e cidade.

Capítulo 1. Caminhos da arquitetura moderna em Teresina: a contribuição do arquiteto Antônio Luiz Dutra. Lorena Nunes e Alcilia Afonso.

Capítulo 2. Um estudo de edifícios modernos na cidade de Floriano, Piauí. 1950- 1980. Luana Carvalho e Alcilia Afonso.

Capítulo 3. Patrimônio industrial Piauiense: Entre o apogeu econômico e o abandono. Marina Lages e Isis Meireles.

Capítulo 4. Arquitetura e Arte: utilização de painéis artísticos em obras modernas de Teresina. Natália Martins e Isis Meireles.

Capítulo 5. Critérios de modernidade na obra escolar de Miguel Caddah. Nayane Moura e Alcilia Afonso.

Capítulo 6. Avenida Frei Serafim: anotações sobre uma paisagem moderna. Pamela Franco e Alcilia Afonso.

Capítulo 7. Ícones urbanos de Teresina, Ponte Metálica João Luís Ferreira e Ponte Estaiada Mestre João Isidoro França: Deslocamento simbólico. Roberta Tajra e Alcilia Afonso.

Capítulo 8. A Dimensão brutalista de Raimundo Dias (1975 a 1983). Rosyanne Ferreira Praseres Drumond e Isis Meireles.

Capítulo 9. Um guia para a arquitetura moderna em Teresina. Victor Veríssimo e Alcilia Afonso.

Parte 2. Sustentabilidade. Arquitetura e Cidade

Capítulo 10. Análise bioclimática da arquitetura residencial contemporânea teresinense. Igor Nunes e Ana Lúcia Silveira.

Capítulo 11. A sustentabilidade em edifícios residenciais multifamiliares: um estudo comparativo em Teresina – Piauí. Rosa Rocha e Ana Lucia Silveira.


Parte 3. Mobilidade urbana
Capítulo 12. O transporte fluvial como solução para a mobilidade urbana na cidade de Teresina (PI). Danilo Sérvio Araújo e Nicia Bezerra.

Capítulo 13. Teresina: Evolução do Perímetro Urbano de 1850 a 2015. Marla Lustosa e Nicia Formiga

Parte 4. Patologia das edificações

Capítulo 14. Estudo de patologias do Centro Administrativo do Piauí. Ayumi Suzuki Cruzio e Artemária Andrade.




23.7.15

Patrimônio e Cidade. Teresina. 2015

Entrevista concedida pela arquiteta Alcília Afonso (Kaki) à jornalista Marta Alencar da Revista Cidade Verde, no dia 23/07/2015.

1 - O que é necessário para que um patrimônio seja tombado e no que isto implica?
Inicialmente, esclareço que os bens patrimoniais podem ser tangíveis ou intangíveis. Os tangíveis, podem ser móveis ou imóveis. E dentro dessa classificação estão incluídos os bens naturais e construídos.
Para um bem ser tombado ele precisa ter um significado e um determinado valor para a memória coletiva de uma determinada população, comunidade, cidade, lugar.
O valor pode ser sentimental, histórico, cultural, arquitetônico, urbanístico, entre outros, e dependendo dessa valoração, o grau de preservação varia.

2 – A senhora tem algum levantamento e/ou estudo a respeito de imóveis tombados em Teresina que foram não foram preservados ou demolidos?
Em 2014, estávamos dando continuidade no GPE/SEMDUH a um inventário dos bens arquitetônicos de Teresina, que havia sido iniciado pelo arquiteto Olavo Pereira, anos atrás, e que havia ficado inacabado.Com a minha saída de Teresina, em abril de 2015,  esse trabalho continuou sendo realizado por um trabalho de extensão que montei, coordenado pelo arquiteto Victor Veríssimo do GPE, juntamente com alunos do curso de Arquitetura e urbanismo da Ufpi, supervisionados pela prof. Ana Rosa Negreiros. O material, portanto, encontra-se no GPE/SEMDUH. 

3 – Em Teresina, um grupo de estudantes de comunicação e arquitetura realizaram o Movimento Viva Madalena, com o intuito de manter preservado um imóvel localizado no centro que estava sendo desmoronado. A senhora acredita que movimentos como esses são importantes para a preservação da memória da cidade, já que a fiscalização do poder público é ineficiente?
Acredito que sim, é muito importante. Acompanhei via online o movimento Viva Madalena , e acionei colegas de profissão e luta pela preservação do patrimônio em Teresina, como Natan Portela, da OAB/PI,  Sanderland Ribeiro/CAU PI, Leide Sousa, Patrícia Mendes/Fundac, para colaborarem, orientando a luta dos alunos pela preservação da casa.
Fiquei emocionada em ver essa turma jovem, contribuindo para um trabalho que passei mais de 30 anos desenvolvendo na cidade, e muitas vezes, com pouquíssimo apoio da comunidade, que não possuía essa mobilização social.
Sabe-se das dificuldades da política na área de preservação cultural, a falta de equipe, de espaço, de legislação atualizada, e a vontade popular é fundamental para contribuir nos abusos praticados pelo poder econômico, que deseja passar por cima de todos, e de tudo,para implantar as suas propostas, desrespeitando todo um trabalho existente.

4 – A senhora tem conhecimento a respeito do mestre de obras que contribuiu para a construção da maior parte dos imóveis localizados no centro de Teresina? A senhora pode falar mais sobre a história dele.
Nunca ouvi falar desse "mestre de obras"...Isso é lenda! Não houve apenas um, mas vários pedreiros, vários mestres de obras, engenheiros, construtores, arquitetos que juntos, construíram a história arquitetônica do centro histórico de Teresina. A arquitetura e sua produção é complexa e interdisciplinar e em mais de 30 anos trabalhando nessa área, jamais ouvi referência a esse personagem que perguntas.

5 – Com relação a responsabilidade da preservação desses patrimônios. A senhora acredita que isso parte da Prefeitura de Teresina, órgãos de preservação, proprietários desses imóveis ou da sociedade como um todo?
O trabalho de preservação cultural é um processo, composto de várias etapas, nas quais os distintos atores devem agir juntos. A população solicita a preservação, o poder público estuda os casos, aplica as leis, e mais uma vez , poder público e sociedade civil organizada fiscalizam e correm atrás de propostas de revitalização, restauração, intervenções.
Nesse processo, é fundamental, o trabalho de educação patrimonial, sempre de forma constante e me todos os níveis e mídias.
Todos juntos, conseguem mais força para tentar mudar esse triste cenário cultural brasileiro de nossas cidades, que desprezam a história urbana e arquitetônica de nossos lugares.


25.6.15

Resgates campinenses. Patrimônio arquitetônico e cultural em Campina Grande

A cidade de Campina Grande, localizada no Agreste paraibano, completou 150 anos em 2014, e a empresa de Correios e Telégrafos convidou o artista plástico Soster para retratar através de aquarelas, alguns bens culturais simbólicos da cidade.

A gerente de patrimônio do município, vinculada à Secretaria de Cultura, Dra.Giovana Aquino, me repassou este material, que vem sendo trabalhado juntamente com os meus alunos do curso de arquitetura e urbanismo da UFCG.

Estamos preparando uma exposição sobre o acervo arquitetônico da cidade, e em breve, a mesma será lançada.






18.5.15

Da beleza das pequenas e singelas coisas. Arquitetura singela no interior da Paraíba.

Imagens e registros simbólicos na memória.
Fazenda Chocalheira. Pocinhos.PB

Fotos: Kaki Afonso. Maio. 2015






Patrimônio arquitetônico religioso e abandono: Pocinhos.PB

Isolada, no meio de xique xiques e mandacarus, encontra-se a bela Igreja, com sua volumetria rica e outrora trabalhada, entregue ao abandono.
O proprietário, no caso, a Igreja Católica, não a preservou e deixou que a mesma ficasse neste estado deplorável de conservação.
Tenho certeza de que, se alguém tratasse de intervir, iria ser chamado a atenção e diriam que é proibido, pois trata-se de um patrimônio privado...e enquanto isso, a bela edificação agoniza parecendo cenário de um filme de terror na caatinga paraibana.

Fotos: Kaki Afonso.Maio de 2015.